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O blog do Fi

um português em Berlim

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O Japão é um sonho

Filipe B., 02.12.24

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Aterro em Tóquio de manhã cedo.

Ainda nem saí do aeroporto de Narita e já a cordialidade dos japoneses entra em contraste com a Alemanha fria e cinzenta que deixei para trás.

No controlo de passaporte sou recebido e encaminhado com uma doçura que talvez não esperasse num passo tão técnico da viagem e, logo aí, sinto o meu sorriso abrir-se numa leveza de aqui estar.

Mais de uma hora depois, atestando a enormidade desta cidade, chego ao meu hotel na zona de Hatagaya (curiosamente conhecida pelos seus restaurantes chineses), deixo as malas e saio para a rua movimentada. Vou comer japonês, apesar de os restaurantes da vizinha China serem também atraentes (e os japoneses adoram). É a minha primeira vez aqui, por isso atiro-me à minha primeira sopa miso em território japonês e a um prato de arroz com ovos e cebolinho, cujo nome desconheço. Sei que é delicioso. 

A 20 minutos de autocarro deste restaurante, espera-me Shibuya. Pelo frenesim das suas ruas, é o local perfeito para me manter activo e combater o jet lag das 13 horas de vôo (com mais 9 horas de diferença no horário).   

Estou noutro mundo. Tudo brilha, pisca e cintila à minha volta. Parece o futuro, uma sociedade avançada. Os prédios gigantes e cheios de ecrãs imensos dão-me uma vibe cyberpunk. Cenário de filme. Mas em todas as interacções lá está o calor e educação dos japoneses, bem distante da frieza dessas sociedades fictícias. 

Começo, timidamente, a soltar os meus arigato com a pronúncia ainda ao lado, mas vou ganhando confiança de cada vez que algum local sorri ao ouvir-me tentar a sua língua musicada. Algo que, em muitos anos de vida em Berlim, nunca senti nem do povo nem da língua alemã. Embora não queira, é impossível não cair nestas comparações logo nas primeiras horas.

O cansaço da longa viagem começa a fazer-se sentir e a refeição do jantar, um bem composto prato de ramen noutro restaurante que me transportou para os universos literários (realistas) de Murakami ou Yoshimoto, dá-me aquele conforto necessário para lentamente me deixar adormecer na cama pequena do hotel.

A meio da noite, ainda fruto do jet lag, acordo convencido de que já é manhã alta. Confuso, acho que estou na minha casa em Berlim, e sinto-me alguns momentos nessa névoa. Só quando me levanto para ir à casa de banho deste apertado quarto e vejo outra vez a sanita futurística e cheia de tecnologia e botões variados, é que me lembro de que estou em Tóquio.

Sorrio ao espelho, achando-me um pouco tonto pela falta de clareza. E então reparo. O meu olhar, embora cansado, parece-me mais vivo, menos cinzento, brilha como os ecrãs de Shibuya.

E então sei que é real.

O Japão é um sonho.

E eu não quero acordar. 

E em breve o Japão

Filipe B., 15.11.24

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Daqui a uma semana estarei já no Japão!

Começo, lentamente, a aceitar esta realidade, mas acho que só acreditarei mesmo quando abrir os olhos em Tóquio.

Foi tudo planeado só em Setembro, assim mesmo à última da hora.

No dia seguinte à marcação do vôo, corri para uma das minhas livrarias preferidas aqui em Berlim e comprei 5 livros de 5 autores japoneses. Todos de épocas diferentes, todos com a sua temática. Uns clássicos, outros mais modernos. 

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Os livros que comprei (em inglês):

Norwegian Wood - Murakami.

Kitchen - Banana Yoshimoto.

Before the Coffee Gets Cold  - Toshikazu Kawaguchi.

Strange Weather in Tokyo - Hiromi Kawakami.

The Sailor Who Fell from Grace with the Sea - Yukio Mishima. 

 

E neste último mês já li 4 destes livros para me preparar para a viagem. Só me falta ler o "O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar" de Yukio Mishima. Talvez seja a minha companhia na viagem para a terra que lhe deu vida, o Japão.  

Podia ter comprado guias de viagem, mas haverá melhor forma de conhecer um país do que através da voz dos seus autores?

Acordar num lugar novo

Filipe B., 17.09.23

imagem do mar báltico

o mar báltico, foto: Filipe Branco

Gosto muito de viajar sozinho e já o confessei aqui muitas vezes.

Também gosto de viajar acompanhado. Aliás, vivi grandes aventuras com outros companheiros de viagem.

Só que partir sozinho para um sítio desconhecido tem sempre algo de redescoberta. Um cliché sempre que se fala de viagens, bem sei.

Mas acordar só num lugar novo, numa cama de hotel que nos é estranha, traz sempre consigo infinitas possibilidades. Não há ninguém connosco. Ninguém sabe quem somos. Podemos até ser bem quem nós quisermos, sem amarras, sem obrigações sociais. Se nos perguntarem algo sobre nós e se, por acaso, não dissermos a verdade, isso nem sequer é mentira, pois essa verdade nem sequer existe.

Desta vez vim para Riga, a bonita capital da Letónia. 

No terceiro dia fui finalmente a Majori, a vila costeira, para ver o mar báltico pela primeira vez. A tranquilidade, o sossego daquelas águas, trouxeram uma dose de calmaria. 

Era para ficar menos tempo, mas deixei-me por lá estar umas belas horas. Estava bom tempo. O Sol convidou-me a ler deitado na areia e assim fiz. O silêncio das águas a embalar-me.

Quando mais tarde regressava a Riga no comboio regional que já viu melhores dias, era outro. 

A oliveira de Saramago

Filipe B., 21.12.22

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Hoje visitei a casa de Saramago em Lanzarote.

Quando digo que Saramago é o meu escritor preferido, as pessoas pensam que o é só porque é português ou porque ganhou o Nobel ou porque é ribatejano como eu. E talvez duas destas condições tenham peso na minha preferência, ainda que eu vá sempre negá-lo. Mas inegável é que as nossas vivências comuns nos aproximam. O Nobel é só um prémio. Já Saramago é o meu preferido porque, como nos disse o guia, com as suas palavras eu vejo do que é feita a pedra e não a pedra.

Visitar a sua casa, num lugar tão especial como esta ilha, foi um acto de várias emoções. Começando com o entrar no seu escritório e ouvir "Foi aqui que Saramago escreveu o Ensaio Sobre a Cegueira, primeira obra que realizou em Lanzarote". O Ensaio foi o meu primeiro livro seu, o que me fez apaixonar pelo seu modo de escrever e é hoje um dos meus livros favoritos de sempre. Já aí me caiu tudo, e depois o estar ali no meio dos seus livros, procurando o que lia. E sim, passei bastante tempo a tentar descobrir o que lia afinal o homem que escreveu "O Ano da Morte de Ricardo Reis" (provavelmente o seu livro meu favorito). E então vejo essa mesma obra na estante, ainda com marcadores e anotações do escritor. Um tesouro diante dos meus olhos, que já brilhavam. Incredulidade. Uma sensação indescritível.

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Mas foi no jardim que caí por terra, quando me contaram a história das oliveiras que trouxe do seu Ribatejo (e outra do Alentejo) para a ilha que o acolheu. Foi aí que chorei. Diante do mar, lá ao fundo. Quem já viveu fora do seu país, como eu vivo, sabe bem que passamos a vida a levar oliveiras na bagagem, atrás de nós, connosco, um bocadinho de casa sempre que se parte e reparte. Uma esperança de que estas cresçam no lugar aos quais queremos chamar casa também. No final, sem ar, arrebatado, sentei-me no jardim de Saramago e escrevi.

Que mais poderia eu fazer? 

Diário de Bordo #11: Sardenha, o regresso prometido

Filipe B., 25.09.20

 

 

 

19/09/2020 - 7:50h

Estou a aterrar na Sardenha.

Até a mim custa a acreditar, não sei se pelo cansaço de ter dormido apenas umas 3 horas (voos de madrugada dão sempre nisto), se por ter marcado esta viagem tão inesperadamente. Foi há uns dias, na verdade. Visto que não estou a trabalhar em Setembro (os efeitos drásticos do covid na aviação continuam...) e como o Peter vai 4 dias à Polónia, decidi ir a algum sítio novo (enquanto as restrições do covid ainda permitem). Mas na verdade os voos e preços para a Sardenha eram os mais convenientes. Por isso cá estou de regresso à ilha que me acolheu naquele Verão de 2017. E acho que só neste exacto momento me dei conta de que já passaram 3 anos.

Foi um Verão de muito trabalho e cansativo mas, apesar de tudo, fui tão feliz aqui e aprendi tanto sobre os meus limites.

Talvez tenha chegado a hora de vir agradecer por isso.

 


a imponente montanha na ilha Tavolara



13:40h

Do avião corri para o autocarro e do autocarro corri para um barco e lá consegui vir até à ilha de Tavolara. É um sítio incrível, com uma montanha que se impõe altiva sobre o mar. As águas, como em toda a Sardenha, são cristalinas. Já nadei, na companhia dos peixes, e em quase toda a manhã tive a praia só para mim. Precisava mesmo disto, destes momentos num sítio novo, só comigo e os meus pensamentos e os meus horários e desejos.

Quando cá vivi em 2017, estava mesmo no sul, na zona de Cagliari, e agora vim para o norte em Olbia, na Costa Esmeralda. Ainda não consegui decidir que zona é mais bonita, mas se calhar nem é possível fazê-lo. 

 

 


Isola Tavolara ao fundo.

 

 

A verdade é que aqui, como de resto em toda a Itália, sinto-me em casa. É mesmo muito intenso o amor que tenho por esta cultura, pela língua, pela comida (claro!), mas sobretudo há uma ligação qualquer que jamais conseguirei explicar. O ano que reparti entre Bolonha e a Sardenha poderia justificar isso, e talvez todas as vezes que voltei ao país depois também tenham ajudado a cimentar este sentimento. De resto, neste 2020 tão atípico, em que tudo se virou ao contrário, quando vi Itália sofrer tanto com notícias tão tristes, julguei que não seria possível estar aqui tão depressa. Mas o vento e o mar trouxeram-me de volta.

 

15:14h

Almoço com vista para o mar. Podia pedir mais? Bebo uma Ichnusa, a cerveja típica da ilha, e o sabor traz-me tantas memórias como saudades. Acho que nem eu próprio sabia quanto precisava disto. 

 

 

 

 

20/09/2020 - 10:12h

Entrei numa igreja. Não sou religioso, mas às vezes rezo, não propriamente uma reza, mas mais uma conversa muito pessoal entre mim e o silêncio que há nestes lugares. Num sonho recente, muito agitado, estava dentro de uma igreja com a minha mãe. Hoje ela não está aqui, mas enviei-lhe uma foto do interior. Tecnologias ao serviço de deus.

 

 



 

 

14:00h

Praia de Pittulongu, que vista magnífica tenho diante de mim. Cheguei aqui de manhã e fui logo nadar. Um senhor italiano meteu conversa comigo dentro de água e fiquei a saber que conhece Portugal de norte a sul. Era um belo personagem este senhor, a contar-me histórias de quando jantou em Lisboa com uma família portuguesa muito rica e, disse-me ele, muito poderosa. Não me mostrei muito interessado neste tipo de ostentação e ele não me quis dizer que família era, mesmo que eu não tenha perguntado, e fez questão de dizer que não me diria, como que a ver se eu lhe perguntava. Acho que percebeu perfeitamente que não me atraio muito por este tipo de vaidades, de resto muito típicas da classe média-alta italiana, por isso a nossa conversa esmoreceu aí e voltei aos meus nados. 

Mas isto é um dos pontos positivos de viajar sozinho. As pessoas são muito mais propensas a vir falar contigo se te g só. E a verdade é que, seja alguém mais interessante ou mais chato, ou mesmo mais estranho, há sempre algo que fica... e que se aprende.

 

 

 

 

15:40h

Vim almoçar uma bela pizza e, como já se esperava, começou a chover. Já tinha saudades destas mudanças drásticas da ilha, ainda que para hoje houvesse um alerta de ciclone no mediterrâneo, mas vá...

 

 



 

 

15:45h

A verdade é que já me emocionei hoje, ao almoço, num momento em que olhei e reparei no mar à minha frente. Tenho saudades da vida que vivi em Itália, não sei se isso significa que seria capaz de cá voltar a viver, porque entretanto passaram 3 anos e descobri tantas outras coisas na Alemanha, sobretudo a liberdade em Berlim. É quase como se fossem duas vidas opostas, mas que até se complementam. Nestes 3 anos regressei a Itália tantas vezes. Voltei duas vezes a Napoli, Veneza, fui pela primeira vez a Treviso e Padova, e até passei por Bergamo uns dias para o meu curso prático de comissário de bordo. Isso acaba por me dar uma sensação de que nunca fui embora e de cada vez que regresso fico sempre com vontade de descobrir mais e alimentar esta vida que, mesmo tendo seguido outros caminhos, não deixou nunca de parte esta passione italiana.

 

 



 

 

21/09/2020 18:41h

Estarei já perto de aterrar em Berlim, mas esta manhã ainda fui dar os últimos mergulhos no mar tirreno. Fui conhecer a praia de Porto Istana e, como sempre, não me desiludi. Chega a ser impressionante tanta beleza que a Sardenha esconde em cada canto. Porto Istana fica muito perto de onde fui no primeiro dia, por isso via-se ao longe a Isola Tavolara. Essa ilha vista assim de longe até parece impor mais respeito, como se fosse uma autoridade, uma sentinela que tem sempre a Sardenha debaixo de guarda. 

Quando o sol brilha alto e Tavalora se ergue sobre as águas azuis e claras lá ao fundo, é um cenário de tirar o fôlego. E é essa a imagem que levo da minha querida Sardenha, que agora me permitiu conhecer o seu norte. 

Voltar é, claro, uma vontade certa. Quando? Não sei. Mas certamente ouvirei outro chamamento. 

A natureza dos lugares por onde passamos, daqueles que amamos, tem sobre nós um poder inexplicável.

 

 

 

 

Diário de Bordo #9: regresso a Nápoles e subida ao Vesúvio

Filipe B., 03.02.20


É a quarta vez em Nápoles e finalmente consegui subir ao vulcão.


A primeira vez que visitei (e me apaixonei) por Nápoles foi em Fevereiro de 2015, voltei depois em Junho do mesmo ano e mais tarde em Janeiro de 2018.

De todas as vezes apanhei nuvens no Vesúvio, o que não facilitou a visita ao icónico marco da paisagem napolitana. 

Desta vez fiquei só por duas noites. 

Aproveitei o primeiro para regressar às ruas históricas e me deliciar novamente com os sabores do sul de Itália. 

Parmigiana bianca, Pizza (claro), Pasta e Patate... e nem vou continuar com a extensa lista de tudo o que comi porque acho que vos aumentava o colesterol só com as descrições. 

Digamos que já conheço a cidade de trás para a frente, por isso afastei-me um pouco dos locais mais turísticos e perdi-me por ruas mais escondidas, onde se sente e vive o verdadeiro espírito napolitano e onde consegui misturar-me com os locais e ter conversas mais ou menos banais com eles (o facto de falar italiano ajuda muito, obviamente).

Há quem deteste esta cidade e eu sei exactamente porquê. É caótica e nisso o trânsito mete medo. É suja e nem os monumentos antigos estão bem preservados como noutras cidades italianas bem famosas.

Mas há algo nesta honestidade do não querer saber e no calor das pessoas do sul que me apaixonou desde o primeiro instante. 

E foi com essa paixão que no segundo dia me emocionei ao chegar ao topo do Vesúvio contemplando lá de cima a beleza natural e única do Golfo de Nápoles. A calma do mar Tirreno. As ilhas. Pompeia ao fundo. Enfim... uma paisagem de nos deixar sem palavras.

A subida custa um pouco, mas com calma até se faz bem. Optei por marcar com uma agência e assim fui numa carrinha com mais 7 pessoas. O motorista deixou-nos mais ou menos a meio da montanha, até onde podem ir os autocarros e depois tivemos que subir uns 2 km a pé. Fui aproveitando para descansar em certos pontos e apreciar a paisagem e tirar umas fotos (levem água e uns snacks para o caminho). Tínhamos cerca de 2 horas livres para a visita até o motorista nos ir buscar novamente no mesmo ponto. Diria que para subir foram cerca de 30 minutos e para descer um pouco menos. 

Chegar à cratera do vulcão é uma sensação sem igual ou pelo menos para mim assim foi, pois era a primeira vez a visitar algo do género e fiquei abismado com o tamanho e profundidade da mesma. Imponente e majestosa... no mínimo. Neste dia até estava a fumegar e foi impressionante ver isso.

Quero lá voltar, num mês de mais calor talvez, pois agora em Janeiro notou-se bem a diferença de temperatura da cidade para o topo do Vesúvio, cerca de 10 graus a menos...

Ainda assim, foi um dia inesquecível e já posso riscar esta da bucket list.

Depois desci e fui comer mais, porque ir a Nápoles e não se deixar perder pelo prazer de comer é praticamente um pecado mortal.

No dia seguinte deixei a cidade já só a pensar num futuro regresso. Nunca sei explicar bem isso mas a música talvez o faça. That's amore.

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HOSTEL: 4 histórias inacreditáveis

Filipe B., 09.01.17




Dormir num quarto partilhado com 8 ou mais desconhecidos? Nunca foi um problema para mim. 

E afinal isso faz parte do espírito de dormir num Hostel, sabendo que vais partilhar o teu espaço e as tuas dicas, mapas e experiências com pessoas provenientes de todo o mundo sempre com base num inglês muito improvisado.  

Mas todos sabemos que há um certo medo em relação aos Hostels, principalmente por parte de quem nunca se aventurou numa estadia dessas. "Mas é seguro?", "Não encontras pessoas estranhas?", "E se te roubam os teus pertences?".

Bem, com este post, vou só contribuir para aumentar esse receio nas pessoas. Brincadeira!

Não, a sério, vou só contar-vos 4 episódios muito engraçados (ainda que possivelmente enervantes) que vivi em vários albergues do género durante a minha longa estadia de 10 meses em Itália. E a verdade é que, tirando estas situações, nunca tive problemas graves em qualquer estadia num Hostel. Optei por não indicar o nome dos sítios, deixando só a indicação da cidade onde aconteceram. É óbvio que na altura as devidas queixas foram escritas no tripadvisor, booking, hostelworld e afins, mas é impossível não sorrir hoje quando recordo estes acontecimentos quase... surreais. 






4 - Roma



Começo com o caso em que o problema não foi o Hostel em si, mas sim um hóspede demasiado estranho que estava lá no mesmo quarto. O espaço tinha 8 camas e duas delas seriam ocupadas por mim e pela minha colega espanhola que estava a viajar comigo. Mal entrámos no quarto notámos um cheiro estranho no ar. Cheirava muito a comida, mas não era um cheiro agradável. Só depois de estarmos ali há uns minutos é que reparámos que estava um rapaz deitado numa cama (as outras estavam livres). Para começar, ele estava a dormir completamente vestido com roupa casual (jeans e camisola de andar na rua... sem um pijama vá!). Depois nós saímos, regressamos umas horas depois e ele continuava na mesma posição, com a mesma roupa, e rodeado daquela comida instantânea, tipo noodles japoneses, que estava a dar ao quarto aquele cheiro... estranho. Voltámos a sair, a entrar, a sair, passeámos pela cidade toda... e naqueles 2 dias, sempre que regressávamos, ele continuava na mesma posição, não dizia uma palavra, não se mexia, com a mesma roupa, e só acumulava mais pacotes de noodles e garrafas de coca-cola à volta da cama (o que indicava que pelo menos não estava morto, pois entretanto já se tinha levantado por momentos para ir buscar essas coisas). O que nos levou a rir muito quando dissemos um para o outro: "Ciao?!? Para estares morto, estavas em casa. Estás em Roma, sai daqui e vai conhecer a cidade, non?".






3 - Florença

Segunda vez na cidade do Renascimento. Cheguei ao Hostel por volta das 18h (o check in era a partir das 14h), mas por acaso na reserva tinha indicado que chegaria mais ou menos por volta das 19h, porque pensava apanhar um comboio mais tarde. Bem, depois de procurar infinitamente pelas ruelas da cidade, lá encontrei o local onde ia dormir (não tinha uma placa, um sinal, nada). E a porta estava trancada. Toquei à campainha. Ninguém respondia. Mas ainda eram só seis da tarde, devia estar alguém para me receber. Lá resolvi ligar ao número que tinha para contacto. Atende-me um rapaz e diz-me que em 20 minutos estará ali para me abrir a porta. Fiquei tipo "Ok..." e a revirar os olhos com aquele ar de quem já não estava crente no que estava a ouvir. Mas o mais estranho estava por vir. Ele chega, reclama que eu cheguei mais cedo do que previsto (Ok!) e entramos para um hall de entrada onde não havia uma recepção, uma caixa registadora, nada. Ele fez-me o check in num papel meio improvisado, paguei e lá fiquei no quarto. O espaço era completamente um apartamento, ao qual alguém tinha decidido chamar Hostel, mas onde não havia uma cozinha (que provavelmente fazia de quarto agora). De facto a estadia tinha sido tão barata que nem me admirei com nada disso. Mas o "recepcionista" tinha prometido que eu podia deixar as malas no dia seguinte mesmo depois de fazer o check out às 11h. E tendo em conta que o meu comboio partiria só por volta das 19h, era perfeito, porque queria passear pela cidade sem carregar pesos atrás. Até que no momento de deixar as malas, ele diz-me para deixar ali no corredor da "recepção" e pronto. "COMO ASSIM?" - perguntei admirado. Diz-me ele: "Sim, aqui", apontando para o chão estreito. Mas não haveria uma sala mais... privada e segura pelo menos? Não, que pergunta estúpida. Era ali, onde toda a gente passava. E adivinhem o que fiz? Tive que aceitar, não tinha outra solução, mas optei por levar a mochila com os objectos mais valiosos. Socorro,







2 - Pisa

Verdade seja dita, este era lindo demais, com uma decoração rústica que mais fazia lembrar uma casa acolhedora do que propriamente um Hostel. Na entrada um papel afixado na porta dizia que um determinado contacto estaria disponível 24h para qualquer problema que surgisse. Logo aí percebi que não estaria sempre alguém na recepção, mas tudo bem. Já tinha pago a estadia, mas faltava pagar a taxa turística de 2€ que em Itália se paga em qualquer cidade (o preço varia entre lugares). Acontece que a senhora da recepção não tinha troco e disse-me para eu ir entrando para o quarto que depois lá me iria dar os 4 euros que me faltavam, pois teria que ir buscar trocos não sei onde. Assim fiz. Entretanto tomei banho, preparei-me para ir jantar e da senhora nem sinal. Como não era um valor assim tão grande, optei por ir comer a tradicional pizza num restaurante no centro da cidade e voltei então mais tarde. A essa hora, por volta da meia-noite, a senhora já não estava ali, por isso esperei pela manhã seguinte para reaver o meu troco. Ok... não era uma fortuna, mas já dava para um lanche pelo menos. Quanto ao pequeno-almoço, no próprio Hostel teria acesso a uma pequena cozinha onde podia preparar chá ou café que eram fornecidos gratuitamente, mas... o gás estava desligado! Não funcionava. Lembrei-me então de ligar para o tal contacto, visto que a senhora continuava desaparecida, mas ninguém atendia. Liguei, liguei, liguei. Sem resultado. Um casal de ingleses veio queixar-se do mesmo, que ninguém atendia naquele número. E entretanto desisti e tive mesmo que ir tomar o meu café fora, pois não consegui encontrar o sítio onde se ligava o gás (e sim, eu procurei em todo o Hostel, mesmo à grande). Afinal todo o espaço estava assim deixado à mercê de qualquer hóspede. O check out estava feito, só tinha que deixar a chave, e aí tive então a conclusão de que já não teria o meu troco de volta. Assim aproveitei para ir visitar a torre inclinada, almoçar e depois, como por acaso, reparei que tinha esquecido umas sapatilhas no Hostel! Não tendo outra opção senão voltar ao local, acabei por ter sorte, pois lá estava a tal senhora, reaparecida... mas completamente esquecida de que me devia 4€ e absolutamente tranquila quando me queixei de que tinha ligado 729 vezes para o número de contacto que supostamente estaria disponível... 24 horas. Encolheu os ombros e riu-se. E eu ri-me também, meio incrédulo, meio sarcástico, já a digitar mentalmente a minha arrasadora avaliação no tripadvisor.







1 - Nápoles

Nada ultrapassa esta situação. Mas nada mesmo. E quem sabe a fama que Napoli tem, com as histórias da máfia e da sua gente super relaxada, irá entender perfeitamente o porquê de isto acontecer nesta cidade. Era a minha segunda vez lá e a segunda vez naquele Hostel. Boa localização, preços baixos, e uma primeira agradável estadia tinham-me levado de volta ali. Era também a segunda noite desta estadia e depois de jantar tinha ido dar um passeio pelas ruas de Nápoles com o ar quente e convidativo do sul de Itália em pleno Junho. Quando regressei ao quarto, para 10 pessoas, todas as luzes estavam já apagadas e quase todos estavam já a dormir. Dirigi-me à minha cama. Ao aproximar-me, só a luz do telemóvel a guiar-me, deu-me a impressão de que estava alguém a dormir no meu lugar. Aproximo-me mais. Vejo um rapaz a tapar os olhos com as mãos para os esconder da luz que eu usava para encontrar a cama onde já tinha dormido na noite interior. Digo-lhe em inglês "Olha, desculpa, mas esta é a minha cama!". Ele mal fala inglês, falava japonês ou chinês (sei lá). Só sei que não conseguimos ter um diálogo. Entretanto entra o senhor da recepção, que tinha vindo ao quarto porque alguém tinha reclamado do ar condicionado que não funcionava. Aproveitei a sua presença e falámos os dois em italiano. Sem grandes preocupações diz-me ele literalmente assim "Este chinês de merd* deve ter percebido mal o número do quarto e da cama, não percebe nada. Olha, muda-te para a cama ao lado e pronto". E eu "Mas nessa cama está outro rapaz, não agora, mas chegou esta tarde... e provavelmente vai dormir aqui, não?!". Diz-me o homem que não, que ele tinha ido embora. E eu achei muito estranho mas... ok! Então lá mudei as minhas coisas, conforme possível, para essa cama e saí para ir um pouco à sala comum e rir-me sozinho da situação. Quando regresso ao quarto estava, CLARO, o tal outro rapaz na cama para onde o homem me tinha mandado dormir. Este também era italiano e já estava tão chateado com o homem da recepção que pediu-me para ir lá eu tentar resolver a situação. Acredita que estou a escrever isto e a parar constantemente para me rir, porque quanto mais o tempo passa, mais surreal isto me parece. Bem, chego à recepção e o senhor está a falar ao telemóvel com alguém. Muito calmo pergunta "Há algum problema?". E eu só digo "Bem, se calhar vou ter que dormir no chão, mas tirando isso... va tutto bene!". Então ele aproveita para reclamar mais sobre o "chinês" que tinha ocupado a minha cama por engano, mas sem nunca largar a sua chamada no telemóvel (porque Nápoles!). E na mesma descontracção diz-me "Olha vai a todos os quartos do Hostel e escolhe uma cama que esteja livre. Podes escolher qualquer uma e não te preocupes.". Depois regressa à sua chamada telefónica deveras importante e eu ponho-me a escolher a melhor cama das que estavam disponíveis. Cheguei ao meu novo quarto por volta das 2 da madrugada e a minha sorte foi que os hóspedes ali ainda estavam todos acordados. Nem expliquei a situação, subi para o meu beliche e só conseguia rir-me sozinho, dando de certeza uma impressão muito boa a quem já estava ali antes de mim. Depois lá me acalmei, mas mesmo antes de adormecer lembro-me "Oh dio mio! O rapaz que ocupou a minha cama está a dormir nos mesmo lençóis que usei na noite anterior!!". E então ri, ri sozinho, feliz por saber que na manhã seguinte partiria, com o rótulo de maluco, certamente, mas com uma grande história para recordar mais tarde sobre uma das cidades que mais amei em terras italianas. 

Itália: TOP 15 das cidades que visitei

Filipe B., 18.11.16


Então... depois de muitos meses do meu regresso, finalmente, consegui fazer o meu TOP de cidades/sítios favoritos em Itália

Durante o tempo em que vivi lá (10 meses), visitei mais de 30 lugares... e acredita que isto foi muito difícil de fazer! 

Itália é um país lindíssimo e com tanta diversidade cultural e de património histórico que é quase impossível escolher um lugar favorito sem ser automaticamente injusto para com os restantes. Para isto quis destacar também cidades que não são tão turísticas, pois muitas vezes são tesouros escondidos, mas como vais perceber... o topo da lista é feito de cidades muito populares. A questão é... estas são bastante famosas por algum motivo e é impossível fugir a isso.

Mas vá... devo dizer que os primeiros 4 lugares foram os mais difíceis de escolher. E sei que muitas pessoas vão discordar do meu número 1, mas deixa-me deixar explicito que obviamente a minha opinião foi baseada naquilo que estes locais me fizeram sentir e por isso é extremamente pessoal.

E para contrariar um pouco isso decidi não usar fotos tiradas por mim e servi-me do google para obter as imagens usadas e manter isto o mais relatable possível, mas também para dar o mínimo de detalhes sobre cada lugar (só usei uma foto de cada, pois quero que descubram por vocês!).

Para facilitar dividi as regiões só entre norte, centro e sul (embora algumas sejam mais a nordeste, sudoeste, etc).





15 - PISA (região: Toscana)

Começando por baixo. Muitas pessoas pensam que Pisa só tem a torre inclinada para ver, blá, blá! A verdade é esta: Pisa é linda! Caminhando pela cidade poderás encontrar muitos pontos interessantes. Só na praça desta imagem há outro monumento brutal... que não está visível na foto. Vai! Vale a pena!





14 - MILANO (Milão, região: Lombardia, norte)

Oh... Milano! A cidade que todos amam odiar. Mas tens que ir e ver o Duomo e a Galleria Vitttorio Emanuele II. Esta é a galeria de lojas super caras como a Prada e a Versace, mas não acho que devas ir por uma questão de moda... e sim porque vais deparar-te com a magnificência da arquitectura (mais moderna). 





13 - PERUGIA (região: Umbria, centro)

Tens que subir e descer as ruas de Perugia para perceber quão fantástica é esta cidade (construída no topo de colinas). Eu fiquei maravilhado e surpreendido... também tens que visitar os fabulosos e históricos túneis que outrora faziam parte de uma verdadeira cidade subterrânea nesta localidade. Não digo mais, porque o giro é descobrir quando se chega lá!






12 - POMPEI (região: Campania, sul)

Falando de História... podes argumentar que aqui só há ruínas. E é verdade... mas olha com mais atenção, olha à volta e vê o vulcão Vesúvio logo lá ao fundo...e vais amar! Para além disso, a viagem de comboio até Pompeia mostra-te parte da costa do sul de Itália e chegado às ruínas da cidade poderás visitar o interior das casas e perceber como se vivia lá, antes da erupção vulcânica que destruiu tudo. 




11 - GUBBIO (região: Umbria, centro)

Simplesmente uma das vilas mais fantásticas onde já estive. É como viajar no tempo, senti como se estivesse dentro de um conto de príncipes e princesas muito antigo, onde cada rua e casa parecem ter sido mantidas de forma inalterada. Subir ao topo do monte e apreciar a vista sobre o vale e as montanhas é algo que não tem preço. Não é tão fácil de lá chegar... mas vale o teu tempo, acredita!





10 - ORVIETO (região: Umbria, centro)

Outra vila onde não é tão fácil chegar... apesar de não ser muito longe de Roma. A sua catedral é um das mais fantásticas peças de arte e da arquitectura que vi em Itália. Orvieto está no topo de uma montanha por isso espera uma paisagem de te tirar a respiração. E é outro dos locais que parece ter ficado brilhantemente parado no tempo.  




9 - RAVENNA (região: Emilia-Romagna, centro/norte)

Uma pequena cidade que tem muita importância. Aqui poderás visitar o túmulo de Dante (os dois túmulo aliás, numa história muito característica que poderás descobrir quando visitares o local). E aqui apaixonei-me por cada edifício que vi. É tão diferente, tão bonita! Curiosidade: Ravenna também tem uma torre inclinada como a de Pisa (e estas não são as únicas neste país).





8 - VITERBO (região: Lazio, centro)

Na parte antiga desta cidade senti como se estivesse no set de filmagens de um filme do Senhor dos Anéis (ou algo do género vá!). É realmente tão romântica e épica ao mesmo tempo que torna-se de imediato uma vaga de inspiração num simples caminhar por aquelas ruas. Acrescente-se a isso os vários contrastes arquitectónicos que este sítio tem e temos um selo de "obrigatório visitar". 




7 - TRIESTE (região: Friuli-Venezia Giulia, norte)

Esta foi tão diferente de tudo o que vi em Itália. Trieste é muito organizada, muito limpa e bonita em cada canto. Eu chamei-lhe a "cidade branca", devido às cores que imperam nas suas paredes, chão, etc. E fica na costa do mar adriático... o que lhe dá uma aura especial nas noites quentes de Verão. Acredita! Trieste é um tesouro escondido!





6 - BOLOGNA (região: Emilia-Romagna, centro/norte)

É muito injusto que Bologna não seja um dos pontos mais turísticos deste país, porque a cidade merece-o. Mas ao mesmo tempo é mesmo bom que não o seja, porque assim consegues visitar tudo sem o caos e confusão de turistas. É lugar mágico, cheio de História, mitos e edifícios seculares que te deixam a questionar como raio é possível que ainda ali existam assim em tão perfeitas condições. E tens que subir à torre mais alta das Duas Torres (uma também é inclinada e não dá para visitar por ser perigoso). A vista lá de cima, sobre a cidade, é inesquecível. 





5 - ROMA (região: Lazio, centro)

Fontana di Trevi, Coliseu, Piazza del Popolo... a lista continua e continua. Há tanto para ver e fazer na cidade eterna. Como não amar? Mas porque não é o meu número 1? O trânsito e caos turístico são um problema real em Roma... que não consegues ultrapassar facilmente. E isso prejudica muito a experiência. Mas é óbvio que tens de ir lá. Roma é única, não há igual, e vais amá-la de qualquer das formas.






4 - SIENA (região: Toscana, centro)

Siena. Antes de mais, devo ser completamente sincero nesta. Siena é sem dúvida nenhuma a cidade mais bonita que visitei em Itália. Foi a última onde fui e só estive lá um dia. Por pouco seria a minha número 1 nesta lista, mas o facto de ter estado mais tempo nas outras 3 pesou bastante... pois acabei por ter mais vivências e experiências nessas. Bem... ainda assim Siena foi uma enorme surpresa para mim. Eu não esperava sentir tantos arrepios quando cheguei à Piazza del Campo (no centro). É um local que te arrasa... pela forma como foi projectado, com tanta beleza, com o seu pavimento de pormenores únicos que te deixam sem... chão. Não há foto, vídeo ou palavra que façam justiça ao épico que é este lugar. 




3 - FIRENZE (Florença, região: Toscana, centro)

É o meu grande amor. Fui lá 5 vezes. E só isso diz muito sobre o sentimento que tenho por esta cidade. Ela é arte em cada passo, cada esquina, cada janela, cada detalhe. A praça do Duomo é de levar uma pessoa mais sensível às lágrimas quando ali se chega pela primeira vez, com um poder que transcende, baseado em tantos anos de História que ficaram ali marcados. Escapar das vias mais turísticas e perder-se nas vielas mais abandonadas pode levar a uma das melhores experiências da tua vida, que é descobrir que esta cidade é História em toda a parte. Mas claro, terás que ir aos locais mais icónicos e ver a perspectiva da cidade da piazza Michelangelo, subir à torre do Duomo, passar a Ponte Vecchio... e mais, e mais! 




2 - NAPOLI (Nápoles, região Campania, sul) 

Napoli. Muitos dizem que esta cidade é perigosa, por causa da Máfia e do crime, mas para mim o perigo real foi apaixonar-me desde o primeiro instante em que ali cheguei. Pode não ser a cidade com os monumentos mais bem conversados... pode ser mais suja... e até mais plena de confusão, mas a magia de Napoli está nas ruas apertadas onde passam 3 e 4 vespas de uma vez, conduzidas por alguém sem capacete, a magia é percorrer a costa junto ao mar e acabar num dos castelos históricos, é morrer de calor às 2 da manhã em Agosto, comer pizza por 2 e 3€ (o sul de Itália é muito barato em comparação com as restantes regiões). Bem... Napoli tem que se viver verdadeiramente, de mente aberta, aceitando a abertura tão natural da gente que habita uma das cidades mais pobres da Europa. E se Firenze é o meu amor, Napoli é a minha amante. Vê bem a paisagem que esta foto ilustra e tens aí todas as justificações possíveis. 




1- VENEZIA (região: Veneto, norte)

Mas não há duas sem três, então o meu primeiríssimo posto ficou reservado para Veneza, outra espécie de amor que ganhei em Itália. Está aqui no topo por uma simples da razão. Tal como Roma, Veneza é aquela cidade que tu pensas que já viste em todo o lado (nas fotos que o teu amigo partilhou, no cinema, na televisão, etc). É sim, uma cidade extremamente popular e disso não se pode fugir. Então quando lá cheguei já estava à espera de gostar bastante, pelo que já tinha visto e sabido, MAS a verdade é que eu não fazia a mínima ideia do que realmente é aquele lugar. Fui completamente arrasado, completamente surpreendido do início ao fim. A dada altura perdi-me por umas ruas mais estreitas e foi aí que entendi que até ali dá para teres alguns momentos só para ti, longe da multidão dos selfie sticks. Sair de um beco e dar com um posto onde te podes sentar e apreciar uma gondôla que navega pelo canal, onde mais o podia fazer? Sim, isso pesou muito para o grau de paixão que nutri logo por Veneza. Mais? A Piazza di San Marco é provavelmente o local mais épico que se pode visitar neste país. Pode não ser o mais icónico, mas devia-o ser, pois é de uma beleza rara, que não te larga facilmente. Para além disso nesta estadia fiz a viagem de barco às três ilhas de Veneza (Murano, Burano e Torcello) e bem, isso só serviu para me obrigar a colocar esta magnífica cidade no primeiro lugar deste TOP. Poderia escrever tanto sobre os monumentos ou as simples casas com portas para os canais... mas não sairia daqui hoje. Resumidamente: Veneza é uma cidade única, não há igual, nem outra que se aproxime minimamente do seu estilo (e não falo só do facto de ter canais de água). Mas o melhor é ir lá (de mente aberta) e descobrir exactamente porquê.