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O blog do Fi

um português em Berlim

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O tio

Filipe B., 30.12.21

Deixou-nos no dia 25.

Era suposto ser um dia de Natal como outro qualquer.

Tinha-me distraído com O Senhor dos Anéis na televisão quando nos chegou a notícia naquela tarde. Eu na altura achava-me já muito grande, hoje que já passaram uns 15 anos (perdoem-me mas a certo ponto deixei de os contar) vejo que era, na verdade, muito pequenino. Tinha ainda muito que crescer. Há umas semanas, enquanto escrevia qualquer coisa, voltei a lembrar-me dele.

O Tio Joaquim que chegava de Lisboa e se punha a ler as quadras que escrevia por lá. Ele não era escritor, mas sabia contar as suas histórias. Era uma casa cheia quando ele chegava, uma alegria. Trazia-me cassetes com músicas novas (e outras antigas) e quase me obrigava a não deixar esse gosto de lado. Na altura eu nem percebia bem porquê, mas via-me tanto nele. Agora sei perfeitamente o que via, e o que tenho dele em mim. Hoje de manhã voltei a falar com ele e agradeci. Há coisas nos meus textos (e sobretudo no livro mais recente) que são completamente os dizeres dele. E é assim que eles vivem em nós, quem nos deixou, quem foi lá para outro lugar que nós não sabemos onde fica nem o que é. Pois é, os seus ensinamentos ficaram connosco para sempre.

E estes dias servem, para mais do que materialismos, exactamente para nos lembrar disso mesmo.

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