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O blog do Fi

um português em Berlim

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E em breve o Japão

Filipe B., 15.11.24

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Daqui a uma semana estarei já no Japão!

Começo, lentamente, a aceitar esta realidade, mas acho que só acreditarei mesmo quando abrir os olhos em Tóquio.

Foi tudo planeado só em Setembro, assim mesmo à última da hora.

No dia seguinte à marcação do vôo, corri para uma das minhas livrarias preferidas aqui em Berlim e comprei 5 livros de 5 autores japoneses. Todos de épocas diferentes, todos com a sua temática. Uns clássicos, outros mais modernos. 

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Os livros que comprei (em inglês):

Norwegian Wood - Murakami.

Kitchen - Banana Yoshimoto.

Before the Coffee Gets Cold  - Toshikazu Kawaguchi.

Strange Weather in Tokyo - Hiromi Kawakami.

The Sailor Who Fell from Grace with the Sea - Yukio Mishima. 

 

E neste último mês já li 4 destes livros para me preparar para a viagem. Só me falta ler o "O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar" de Yukio Mishima. Talvez seja a minha companhia na viagem para a terra que lhe deu vida, o Japão.  

Podia ter comprado guias de viagem, mas haverá melhor forma de conhecer um país do que através da voz dos seus autores?

O curioso caso do Five Guys

Filipe B., 11.11.24

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Sabem quantos restaurantes Five Guys temos aqui em Berlim? Cinco! 

Sabem quantas vezes lá fui? Uma. 

Vivo cá há 6 anos.

Fui dessa vez. Há uns 2 anos. E não detestei. Até gostei do sabor do hambúrguer e das batatas. Mas ficou-me mais na memória a experiência ao fazer o pedido do que propriamente o sabor da comida.

Acho que outro problema aqui é que há casas de hambúrguer mesmo muito boas, em cada esquina e ao mesmo preço. Adoro os Burgermeister, por exemplo. Um destes, no louco bairro de Kreuzberg, foi em tempos uma casa-de-banho pública, antes de ser convertido em restaurante. Peculiar e um dos meus favoritos. Os sinais de homens/mulheres ainda lá estão bem visíveis.

Mas o Five Guys em Portugal, seja no meu grupo de amigos ou nas notícias dos nossos políticos e celebridades (primeiro o Pedro Nuno Santos em Espanha, depois o Goucha em Itália), faz correr muito comentário. 

É que em Portugal ainda não existe um Five Guys. Nem um, quanto mais cinco.

E este parece mais um daqueles casos em que o hype vem todo do entusiasmo/ansiedade de ainda não se ter algo. Como não há, está longe, pouco alcançável, torna-se mais apetecível.

É um restaurante bom, naquilo a que se propõe, mas de onde vê toda esta euforia?

Já Variações explicava:

"Esta insatisfaçãoNão consigo compreenderSempre esta sensaçãoQue estou a perder

Porque eu só estou bemAonde eu não estouPorque eu só quero irAonde eu não vou"

Uma das grandes leituras deste ano: Filhos da Chuva!

Filipe B., 07.11.24

Filhos da Chuva - Alvaro Curia.pngPrimeiro, uma confissão.

A leitura inicial deste livro não me cativou. Achei que as partes iniciais talvez precisassem de uma escrita mais limpa e ligeira, o que não significaria tirar-lhe valor. Quem está habituado a ler Afonso Cruz, Valter Hugo Mãe e companhia, sabe bem do que falo. Ainda sobre isso, não invejo o trabalho que deve ter sido essa tarefa de nos apresentar a complexidade de Domínio assim logo de repente e em poucos capítulos.

Esta leitura foi uma sugestão da minha amiga Sandra Barbosa, do programa Páginas Soltas. Apenas me disse: "Tens de ler o Filhos da Chuva de Álvaro Curia. Vais adorar". E ela conhece-me e aos meus hábitos de leitura tão bem, que a sua vaga mensagem foi suficiente para me fazer continuar. Sabia que, depois desta sugestão, algo haveria ali para mim. De resto, já seguia a página de Instagram há anos e a existência desta obra não me era estranha.

Foi por volta da página 60 e no capítulo 6, se não estou em erro, que este livro se transformou aos meus olhos. Foi nesse contar da relação meio trágica meio possessiva de Mãe e Filho que me vi obrigado a fazer uma pausa e deixar-me ficar só no sofá a processar a leitura. Sem que o esperasse, estava já submerso nas águas deste livro.

A partir daí foi uma sucessão de textos de uma sensibilidade, beleza e brutalidade incríveis. José Luís Peixoto diz na capa de Filhos da Chuva: "Há vida aqui". E eu digo: Há talento aqui. Um talento e técnica que poucos têm. Há mestria e há alguém que lê muito, condição que sempre disse ser essencial a quem quer escrever.

Fala-se muito de ler os nossos, os autores nacionais, os portugueses, mas não se fala o suficiente do elogio que raramente é feito. Não se fala de quanto nos acanhamos em elogiar só porque é nosso e porque pode parecer exagerado lisonjeio.

Que este seja feito sem amarras, quando merecido.

E foi por isso que precisei de me sentar e escrever realmente sobre o que acabei de ler. Há passagens e personagens que levarei comigo o resto da vida. Há o Filipe menino estranho (queer), filho, amor, que se encontrou nestas páginas sem nunca o esperar (e agradeço por ter sido mantido esse mistério ou por eu nunca ter lido sobre ele antes de pegar no livro).

E há um nome, Álvaro Curia, que me fará querer ler qualquer livro seu.

Conseguir isso com um primeiro livro é obra.

Os prémios MTV das eleições

Filipe B., 06.11.24

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Não me admirava nada de que a Kamala ter feito das últimas semanas os prémios MTV VMA das eleições tivesse tido um efeito contrário, ter feito pior.

Gaga, Beyoncé e mais, mulheres que muito admiro, estão ainda assim muito longe da realidade do povo (são milionárias!).

O que interessaria à vida da minha avó se a Deslandes ou a Tinoco fossem apoiar um candidato aqui?

Gostaria de as ouvir cantar, certamente. Mais nada.

Só Almodóvar!

Filipe B., 05.11.24

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Fui ver o filme O Quarto ao Lado (The Room Next Door) ao City Kino, um dos cinemas de bairro que ainda passam filmes menos comerciais aqui em Berlim. Por estes dias, estes lugares são um verdadeiro tesouro e tenho a sorte de ter o City Kino mesmo aqui no meu bairro.

Este filme ganhará muitos prémios. Aliás, ganhou já o importante Leão de Ouro no festival de Veneza.

Eu nem sabia do que o filme tratava. Vi que era do mestre Almodóvar e pronto. 

Fui surpreendido com uma reflexão muito bonita, mas nada lamechas, sobre a luta contra o cancro e o direito a morrermos com dignidade.

Brutal e genial. Como só ele.

Niguém saiu da sala até acabarem os créditos. Dava para sentir o peso da reflexão.

A minha única dúvida agora é: a Julianne Moore e a Tilda Swinton poderão concorrer na mesma categoria nos Óscares?