Fui ver Chicago, fui ver a Vanessa
Pois é, vim de Berlim para ver Chicago.
Vinha cá nestas primeiras semanas de Setembro e calhou mesmo bem.
Há muito que queria ver em palco um dos meus musicais favoritos e desta vez tinha uma razão ainda maior para o ver. A Vanessa.
Há muitos anos que sigo o percurso da Vanessa Silva. Assim a primeira memória que tenho dela é de a ver no Academia de Estrelas, depois nos programas das manhãs na SIC, até ao dia em que a vi pela primeira vez ao vivo (e mesmo sem querer) num espectáculo do Trumps. Depois seguiram-se as revistas do La Féria, algumas pela TV e outras ao vivo, o magnífico musical "O Fim do Arco-Íris" em que nos deu uma Judy Garland inesquecível e pronto, podia ficar aqui a noite toda a escrever sobre isso.
Sim, sou um grande fã. Já deu para notar.
Neste "Chicago", para variar, não conseguia tirar os olhos dela sempre que estava em cena. Sim, a Vanessa tem esse poder. E neste musical vi uma artista muito mais completa, no pico de tudo o que sabe fazer melhor: cantar, representar, dançar, emocionar-nos. E vi também uma Vanessa mais segura, como se aquele papel tivesse esperado por ela a vida toda, ou então talvez sejam só mesmo os anos de tanta e variada experiência que ela acumulou.
A Vanessa fala muitas vezes, em privado e entrevistas, do tempo em que foi "para os barcos", referindo-se aos anos em que andou pelo mundo a actuar em navios cruzeiro. Quando ela foi, nós como fãs (e acredito que ela própria), sentimos assim uma leve injustiça, sabendo que este país estava a deixar fugir um enorme talento. Mas fiquei feliz, porque sabia que ela era maior demais para este nosso pequeno cantinho.
E olhem que a Vanessa que vi agora só me deu a certeza de que lhe fez tão bem essa aventura. A evolução dela, mesmo a nível vocal, é tão notória.
E sobre "Chicago", que mais posso dizer?
Um espectáculo ao nível do que se faz lá fora. Nós temos muito esta mania de gostar muito do que vem de fora, e há algumas justificações para isso, mas olhem que este musical feito em terras lusitanas fez ver a muitos que já vi por outras salas por essa Europa fora.
José Raposo a dar uma lição de representação. Um Senhor das artes. Arrepiante num momento que prefiro não desvendar aqui. Absolutamente a estrela deste show.
Inês Herédia, para mim, uma grande surpresa. Quem a viu nas novelas e quem a viu ali, wow! É só o que digo. Espero vê-la em mais musicais. É que nem hesitarei a comprar o bilhete se vir lá o seu nome.
Miguel Raposo? Vocês não estão preparados. Já tinha ouvido falar muito bem desta actuação e mesmo já tendo seguido algum do seu trabalho, o que vi foi um actor que se transformou completamente ali. Vão ficar rendidos. Quem sai aos seus...
Catarina Guerreiro, uma mamma que enche o palco. Confesso que não o esperava, pois este papel no filme é muito, muito forte, mas assim que a Catarina aparece em cena, os meus olhos brilharam e ficaram fixos nela até ao fim.
E agora: Ana Cloe. A maior surpresa da noite para mim. De cair o queixo. Que actuação magnífica! Gostava de puder dizer mais, mas não quero estragar muito. Só vos digo que o personagem de Ana Cloe é um género de comic relief mas conseguiu emocionar-me porque é realmente de arrepiar ver um talento gigante destes em palco.
Vão ver, vão ver!
Tem encenção de Diogo Infante e está até 30 de Dezembro no Teatro da Trindade em Lisboa.