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O blog do Fi

um português em Berlim

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Pieces of a Woman e o drama do luto e da culpa

Filipe B., 28.04.21

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Eu e o P. decidimos fazer um jogo.

Escrevemos o nome dos filmes dos Óscares que temos pela Netflix, Amazon Prime e Disney+, e tiramos ao calhas.

Ontem calhou-nos o Pieces of a Woman.

Este é um drama pesadão e com emoções fortes sobre o luto e a necessidade tão humana (e tão errada?) de culparmos alguém pelas nossas perdas. Vanessa Kirby mereceu todas as nomeações para melhor actriz num filme que nunca nos deixa ficar só de um lado, mas que, pelo contrário, constantemente nos obriga a ver as diferentes perspectivas de cada elemento da família sobre a perda de um bebé recém-nascido.

Filme carregado de simbolismos, onde a metáfora maior é uma ponte que se vai construíndo, lentamente, conforme a história avança.

Obrigatório ver. Mas preparem-se para uma cena inicial bastante forte e angustiante! 

Só um pormenor. Neste pequeno jogo, não vemos os trailers dos filmes, não sabemos praticamente nada sobre eles. Tem sido um exercício engraçado. Já vimos Nomadland e Pieces of a Woman. O que nos calhará hoje à noite?

Pessoa em Berlim

Filipe B., 23.04.21

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Ando a ler o Livro do Desassossego.

Continuo também nas aulas intensivas de alemão. São 3 horas por dia, por isso, no fim das aulas, vou sempre dar uma volta de bicicleta pela cidade e ponho-me a ler Fernando Pessoa (ou Bernardo Soares) num parque ao final da tarde. 

Parques enormes, muito verdes e variados é o que não falta aqui em Berlim, felizmente.

Ler filosofia pode realmente tirar-te do teu lugar, mexer em pensamentos tão profundos e mudar a tua perspectiva sobre tanta coisa. E isso é fantástico.

Ontem, enquanto lia sozinho ao Sol no parque, senti isso e ao mesmo tempo senti também que precisava de um pouco de realidade para assentar novamente. 

Quando estava a chegar a casa, do nada, o meu amigo ligou-me e apenas perguntou "Pizza?".

E ali estava, aquele pedaço de realidade de que eu precisava.

Algumas coisas não têm explicação.  E por vezes é melhor assim.

Acabámos por ter uma conversa muito profunda, enquanto comíamos as nossas pizzas num parque já para lá do crepúsculo, porque, claro, até a realidade tem limites.

 

Berlim: um dia na floresta Bucher

Filipe B., 17.04.21

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Aqui em Berlim parece que continuamos numa extensão infinita do Inverno... como se viver num longo lockdown não fosse já suficente.

Mas, fartos disso, eu e o P. decidimos arriscar contra as previsões de chuva na meteorologia e fomos à procura de alguma paz e sossego no meio da natureza. Spoiler: não choveu. 

Uma pesquisa rápida no Google, sugeriu-nos a floresta Bucher (Bucher Forst) aqui bem perto de Berlim.

Fica a uns 45 minutos de transportes e é muito fácil lá chegar. 

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A floresta fica num parque natural e é muito fácil encontrar animais selvagens à solta, como veados e cavalos. E outros, como as vacas, estão fechados entre vedações.  Mas podemos entrar e estar mais perto dos animais, porque há portas especiais para isso, que devemos deixar sempre fechadas, claro.

O parque natural é enorme. Nós andámos cerca de 14km a pé e mesmo assim não vimos tudo. A vegetação é muito variada, vão ver todo o tipo de árvores, e há alguns lagos onde é possível observar patos e outros tipos de aves. Conselho: deixem-se ficar um pouco por ali em silêncio e vão ver alguns voos muito bonitos. 

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Besouro azul?

Soube mesmo bem esta caminhada pela natureza. Havia mais pessoas por ali, sobretudo famílias com crianças, mas nada que perturbasse demasiado a paz daquele lugar. 

Há árvores centenárias e a mais antiga que vimos tinha uns 800 anos (não se preocupem, há vários placard informativos sobre isso, mas vão ter que dominar esse alemão, pois é a única língua disponível).

Acabámos por almoçar por ali, porque fomos preparados com comida e, como afinal não choveu, decidimos ficar mais tempo. No momento em que parámos para comer, foi ainda mais mágico estar ali sentado a ouvir os sons da floresta à nossa volta. 

Acredito que a natureza, as árvores, os animais, são capazes de nos dar energias tão puras. Por momentos esqueci o mundo lá fora e foi como se quase tivesse voltado ao tempo pré-pandemia global.

 

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E por falar em viajar no tempo, mesmo na floresta é possível encontrar este gigantesco edifício em ruínas. Está abandonado e é um antigo hospital da Stasi, a polícia secreta da República Democrática Alemã, que operava na Berlim Oriental (ou comunista) nos tempos em que a cidade estava dividida pelo muro. Não entrámos no edifício, mas quero lá voltar só para isso, porque fiquei super curioso. E sim, eu sei que isso não é propriamente legal... mas a Stasi que venha e me prenda.

Nada poderá deter a minha mente apaixonada por este período tão curioso e intenso da nossa História. 

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O alemão que não falo

Filipe B., 13.04.21

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Estava com o P. ao telefone, falando inglês, que é a língua que nos une (nem eu falo polaco, nem ele fala português). Nisto o meu amigo D. ligou. Falámos em italiano, porque é a sua língua materna, que eu também domino. Quando desliguei, respondi a uma mensagem da minha irmã em português, claro.

Isto tudo no espaço de 10 minutos. 

Acho que chega para vos dar uma ideia da confusão linguística que às vezes me vai na cabeça. Mudar tão rapidamente de língua para língua tem dado alguns resultados cómicos. A minha irmã que o diga. No outro dia, eu nem sequer me lembrava como se dizia frigorífico em português. Frigorífico, minha gente! 

Bem, o italiano aprendi-o no ano que vivi em Itália. Aprendi quase tudo por mim e falando com os outros. Boa sorte a tentarem falar em inglês com alguém em Itália... é mesmo: ou aprendes italiano ou praticamente não falas. Felizmente, depois de já lá viver há 3 meses, tive uma dúzia de aulas só para estudar um pouco de verbos, etc, e isso ajudou bastante. 

Lá vivia com dois colegas espanhóis durante 10 meses e, mesmo sem me aperceber, ao mesmo tempo fui aprendendo tanto dessa língua.

Quando comecei a trabalhar como comissário de bordo, o meu espanhol, nos voos com destinos ao nosso país vizinho, começou a sair naturalmente e, tendo ainda mais colegas espanhóis, foi uma questão de hábito. Sejamos sinceros, para um português que já fala italiano, o espanhol é um passeio no parque.

Mas antes disto tudo, muito lá atrás, também estudei 5 anos de francês, e só não o falo porque deixei de praticar,  mas entendo tudo quando falam para mim, ou quando leio. Honestamente, deixei de querer praticar esta língua, porque já é confusão a mais com verbos e regras gramaticais de tantos idiomas. E também porque algo mais importante se impôs.

O alemão. O ALEMÃO!

Cheguei à Alemanha há 3 anos. Nos primeiros 10 meses só falava inglês no meu trabalho e, muito sinceramente, porque vivia em Frankfurt e não estava lá muito deslumbrado com o lugar nem com o meu trabalho, tinha poucas ideias de ficar por cá. Por isso nunca achei que devia perder o meu tempo a aprender uma língua tão complicada. 

Mas depois veio Berlim, um novo trabalho, e a vontade de ficar cá. Tive aulas, aprendi o básico para o trabalho (cheguei a passar um teste oral do primeiro nível) e quando ia completamente lançado na escola... a pandemia global aconteceu! A escola fechou. As aulas online não eram para mim. O meu futuro aqui e no meu trabalho foi novamente questionado, e por isso pus outra vez o alemão de lado. 

Mas há uns meses, farto de estar sem fazer nada e rendido ao aborrecimento do lockdown, inscrevi-me na escola outra vez (só online, claro).

Ontem à tarde encontrei-me com uns amigos e falámos alemão. As minhas frases são básicas, sim, mas já consigo falar tanto e, sobretudo, compreender tão bem. Às vezes ainda me custa a acreditar que cheguei a este nível!

O alemão é mesmo muito difícil. E nada agradável de aprender. E diz-vos isto algúem que já aprendeu 5 línguas... sendo a língua alemã... a sexta! Mas, por acaso, hoje em dia já sinto satisfação em estudar (antes era uma guerra, uma obrigação, um não quero, não me obriguem...).

Mas recentemente também percebi outra coisa. Eu andava a focar-me demasiado no alemão que não falo, nas coisas que ainda não sei dizer, no vocabulário que não tenho. Hoje em dia, se quero dizer alguma coisa, digo-o com as palavras que tenho e, contando que me faça entender, não estou muito preocupado se é a forma mais formal, se é a mais moderna, ou se usei vocábulos tirados dos anos 40 (vocês deviam ver alguns livros de alemão e as coisas que nos ensinam!)

Tinha que perder o medo e a vergonha de falar mal.

Às vezes nem sei explicar bem porque o tinha. Afinal aprendi italiano só pelo falar e com muitos erros gramaticais pelo caminho. 

Mas uma coisa vos posso dizer. Nessa aprendizagem em Itália, tive sempre duas coisas a meu favor. Uma, já a revelei, o facto de quase ninguém falar inglês, o que me obrigou a aprender a língua do país e pronto. Aqui em Berlim é muito mais fácil ir pela via do "ah mas toda a gente fala inglês" (mesmo que nem sempre falem!).

Outra, a disponibilidade e a paciência dos italianos que sempre fizeram por me ajudar, mesmo quando o meu sotaque não era perfeito, ou quando dizia um verbo no passado e queria dizer o futuro. Sim, foi muito mais fácil criar amizade com os locais por terras italianas e essa cumplicidade, de querer ensinar e ter tempo para isso, estava lá. O calor dos povos do sul, não é mesmo?

Coisa que nunca  senti por parte dos meus colegas e contactos alemães. 

E sobre isso poderia escrever um blog inteiro, poderia até tentar explicar-lhes (aos nativos) como isso para mim é tão estranho e como acho que poderiam melhorar tanto no aspecto social... mas hoje vou fazer o alemão e remeter-me ao meu silêncio. Não estou cá para educar ninguém e neste blog fala-se português.

Eles que lutem.

 

P.S. - Não me ataquem, é só uma brincadeira sobre como certas pessoas aqui se dirigem a nós quando não dominamos esta língua tão lógica, tão bonita, tão amigável e tão fácil de aprender.

P.S. 2 - Vá, vou parar com as ironias. Juro que é desta. Eu no fundo gosto deles. Tschüss, meine Lieben!

Reaprender a viver

Filipe B., 11.04.21

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Um dia de Sol em Berlim. Quilómetros de bicileta pela cidade. E é quase como terapia. Não vou mentir. Os últimos meses não têm sido muito fáceis. Aqui em Berlim estamos em confinamento desde Novembro. O impacto que isso tem a nível do nosso ser social e do nosso psicológico é algo que, certamente, ainda será estudado.

Mas hoje o tempo ajudou e fomos combater o isolamento de que não se fala: a tal falta de ver outras pessoas, mesmo com as devidas distâncias, e de ver sítios novos, de passar por ruas diferentes e sentir um pouco de liberdade (para ver se não ficamos com a cara igual à do coelho da foto).

O lockdown continua. Ainda não temos esplanadas. Mas não senti falta delas. Esta pandemia trouxe-nos muitos ensinamentos aqui. E reaprender a viver foi um deles.

Está aí alguém?

Filipe B., 07.04.21

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Nas últimas semanas vi o "Dancing with the Devil" (Dançando com o Diabo), documentário dividido em 4 episódios sobre a overdose quase fatal e a posterior recuperação da cantora Demi Lovato. 

Podia escrever um blog inteiro sobre como adoro a voz da Demi, mas na verdade esse documentário podia ter qualquer um ali, podia ser qualquer um de nós no seu lugar a contar aquela história. E essa é a sua maior força. E é aí que me quero focar. 

Sem grandes rodeios, o documentário (disponível no Youtube) aborda temas muito pesados, como a dependência de drogas e alcóol, depressão e comportamentos autodestrutivos. E há mais, muito mais, mas não quero estragar algumas revelações. 

Já muito falei de saúde mental aqui no blog, por exemplo no meu post sobre um ataque de pânico. E mesmo assim, sinto que nunca falo o suficiente. 

E este documentário e algo que a Demi diz, fez-me pensar tanto sobre as ideias erradas que ainda pairam sobre este assunto. 

Não é segredo e é aliás com muito orgulho que o digo. Desde o ano passado que voltei a fazer psicoterapia.

2020 foi o ano que todos sabemos, mas pelo menos deu-me/deu-nos tempo para olhar bem cá para dentro e perceber as caixas e gavetas que precisavam de ser arrumadas. 

Mas ao fim de quase 7 meses de psicoterapia (mesmo já tendo falado bastante disso) ainda há pessoas que se assustam quando falo abertamente disso. Normalmente causo sempre pânico quando falo disso. "Mas estás bem?" - é a pergunta recorrente, e eu entendo. Não é fácil falar sobre isto. É óbvio que não estava bem, se procurei ajuda, mas não estaria eu pior se não o tivesse feito?  E eu sei, o meu passado e bagagem que carrego podem causar alarme, mas não deviam ficar mais preocupados se eu não falasse disto? 

É tão difícil lutar contra isto, esse estigma, essa ideia de que estamos no fim dos nossos dias se por acaso falamos disto ou sequer decidimos procurar ajuda médica.

Ora, se tenho uma dor no braço, vou a um médico. Se o meu estômago não anda bem, procuro um profissional. Por que razão não é tão simples ter o mesmo pensamento no caso da psicologia? Se a nossa mente não anda bem, se queremos resolver um trauma, um medo, um distúrbio qualquer, não é normal que se procure um profissional que estudou e se preparou exactamente para isso?

Simples, parece simples.

Na música que dá nome ao documentário, a mesma em que confessa a recaída para as drogas e álcool, ela canta "Eu disse-te que estava bem, mas menti". E é exactamente isso que precisamos de combater, evitando fechar as portas a este assunto e, fazendo o contrário, criar abertura para que alguém nos diga "não estou bem", "preciso de ajuda", o que for. Chega de ter que mentir e esconder sobre problemas que deviam ser tratados como outros problemas quaisquer. 

Uma coisa vos digo. O Filipe que entrou há 7 meses naquela sala de terapia não é o mesmo Filipe que vos escreve  agora. É como se me tivessem dado um par de óculos mágicos e agora vi-se tudo de outra maneira (não se enganem, às vezes é uma maneira mais crua de ver, mas necessária, oh, tão necessária!). E eu sozinho não conseguiria aqui chegar. Isto vos confesso.

Ver este documentário foi ver-me ali muitas vezes, embora os meus dilemas sejam outros, não relacionados com esse tipo de recaída. E sei que tantos de nós vão encontrar nas suas palavras as nossas palavras. 

Espero que sirva para abrir ainda mais a simplicidade, ainda que dolorosa, com que se fala (ou devia falar) sobre estes assuntos. 

Na canção Anyone, Demi pergunta: "Is there anyone?" (está aí alguém?). 

É um refrão pesado, um grito de ajuda, um pedido de socorro. E entende-se bem porquê. Não há maior frustração do que sentir isso, que ninguém ouve, que não está ninguém do outro lado, que não há... salvação.

Sejamos então esse alguém que ouve e compreende. Sejamos esse alguém online, nas nossas vidas privadas, no nosso grupo de amigos, na nossa família. 

Não posso dar muitos conselhos. Mas deixo um. Quando aí dentro, bem lá no fundo, essa voz gritar por alguém, procurem ajuda, sempre. E se a ajuda falhar, procurem-na outra vez. E outra vez, até que um dia possam ser vocês, quem sabe, o suporte de alguém. 

 

 

 

A conspiração dos mares

Filipe B., 02.04.21

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Antes de falar sobre o Seaspiracy, o documentário propriamente dito, sinto que devo apresentar-me um pouco. Não quero que me acusem de hipocrisia. 

Não posso dizer que sou vegetariano, mas deixei de comer carne há 5 anos. Quanto ao peixe, já estive 1 ano sem comer e não senti falta nenhuma. Aliás, nestes mesmos 5 anos, posso contar pelos dedos as vezes em que isso aconteceu. Quando estou em Berlim, nunca como peixe, mas admito que em Portugal é muito difícil resistir a isso. E agora já começamos a entrar mais no que o documentário aborda, porque sempre o fiz achando que teria acesso a peixe de maior qualidade e com menos peso nas questões ambientais (um erro tremendo, como entenderemos)

E outra coisa. Não estou aqui para dizer que sou melhor que ninguém. Sim, é que sinto muito isso quando falo nestas coisas a alguém que, por exemplo, nunca deixou de comer carne. Não, eu não estou a calcar a vossa culpa, nem é esse o meu objectivo. Cada um tem o seu ritmo para lá chegar e cada qual encontrará em determinado momento a força necessária para fazer mais pelo planeta. Quem me diz a mim que alguém que coma carne não faça mais do que eu, por exemplo, nas questões da reciclagem, etc, etc. 

E agora directo ao ponto. Sim, o Seaspiracy é chocante e violento, ao ponto de me fazer virar a cara duas vezes para não ver, nomedamente numa cena com golfinhos logo ao início e noutra com caça de baleias. Demasiado violentas e revoltantes. Mas ainda assim, não o achei tão chocante noutros aspectos como o Cowspiracy ou o What the Health, outros documentários do mesmo produtor. Refiro-me mais às revelações de que certas companhias ditas "pró consumidor" são completas farsas (quem viu os outros dois documentários já está mais por dentro destes esquemas).  Esta é aquela a que eu chamo a trilogia dos horrores. E talvez por já ter sido exposto a tantas revelações chocantes nesses dois documentários, o Seaspiracy veio mais como mais uma confirmação de que realmente o Homem foi a pior espécie que a natureza criou. Parece que só sabemos destruir. Em nome do dinheiro, de um capitalismo sem limites, destruir, destruir, tudo pelo lucro, sem olhar para o ambiente, para a dor que se causa nos animais, ou mesmo para o futuro... sem pensar nas gerações que virão e às quais deixaremos este planeta. Em que estado?

Achei, no entanto, que tentaram passar demasiada informação em pouco tempo. Algumas coisas podiam ter sido mais aprofundadas, como a caça das baleias ou as cenas sobre os escravos da pesca. Honestamente, do ponto de vista jornalístico, achei as entrevistas sobre a escravatura com pouca investigação ou "provas", foi tudo muito rápido na edição. Não estou a dizer que não acredito que seja verdade, porque acredito, mas é algo em que os negacionistas (que os há em todo o lado) podem pegar facilmente para tentar deitar abaixo o resto do documentário. 

Mas ainda tenho muito a reflectir sobre o que vi. 

Isto causa muita revolta.

Como vos disse, vou fazendo o que posso. E cada vez sinto que faço muito pouco.

Em 2015, depois de ver o Cowspiracy, deixei imediatamente de beber leite. Por acaso já desconfiava que o leite não me fazia muito bem e as mudanças a nível da minha digestão foram logo notadas. Um ano depois deixei a carne de vez. Hoje em dia, e principalmente porque vivendo em Berlim isso é tão fácil, a maior parte das minhas refeições nem são vegetarianas, mas mesmo vegan. E o meu estômago agradece-me sempre. 

Aqui não conduzo carro e, desde que tenho a minha bicicleta, é raríssimo sequer usar transportes públicos. Menos um a contruibuir nessa faixa da poluição. 

Separo o lixo, como é minha obrigação.

Uso champôs sólidos e sabonete, para evitar o plástico excessivo (e mesmo assim é chocante a quantidade de plástico que gasto por semana!)

Às vezes penso que custaria menos se todos fizessem um pouco. Aqui e ali, mudar qualquer coisa, reduzir o consumo da carne, do peixe.

Mas infelizmente parece já tarde para isso.

Se ainda não viram, vejam este documentário, mas não deixem de ver também os outros dois. 

Dominion, Earthlings (outros em que tive que tapar os olhos várias vezes) e Game Changers são outros, dentro do tema, que vos podem interessar. E mais haverá. Sugiram nos comentários se se lembrarem de algum.