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O blog do Fi

um português em Berlim

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MISTÉRIO: comer pasta todos os dias faz emagrecer?

Filipe B., 27.09.17


Este post terá altos níveis de hidratos de carbono. Fica já o aviso!


Não é propriamente uma novidade para mim, visto que já tinha vivido 10 meses em Itália e já nessa altura fiquei espantado com o facto de que praticamente todos os italianos são super magros... tendo em conta aquilo que comem diariamente (pasta, pizza, lasagna...). Falei disso neste post do ano passado. 

Mas agora que voltei lá, por 4 meses, tive mais tempo para explorar esta minha dúvida. Cheguei à ilha da Sardenha com um Índice de Massa Corporal  (IMC) de 21.6, que estava bom, e voltei de lá com um IMC de 20.2... o que significa que no entretanto perdi entre 4 a 5kg! Não sou muito obcecado com essas coisas, mas gosto sempre de saber se mantenho os meus níveis naquilo que é considerado ideal e é algo que controlo regularmente com o senhor doutor. Bem... para a  minha altura, antes ou depois, mantive-me sempre dentro do ideal.



A surpresa? Vou explicar agora e vocês não vão acreditar no que eu comia...

Desta vez, não cozinhava. Basicamente tínhamos um refeitório para o staff e todas as refeições nos eram dadas ali. Nós podíamos escolher de tudo e havia muita variedade... mas estávamos em Itália e não havia nada melhor do que pasta como prato principal todos os dias (porque os italianos comem assim, pasta como entrada e depois outro prato). Sim, eu comia pasta ao almoço e ao jantar todos mas absolutamente todos os dias, porque realmente era tão mas tão boa, não resistia. Depois como segundo prato comia sempre algo com vegetais ou peixe (obs: não como carne), mas também devorava muitas batatas fritas e às vezes o meu segundo prato era pizza ou lasagna (ou seja: mais pasta). 

* PASTA + PIZZA! * 

Comia sempre fruta, sempre, ok?



É verdade que o meu trabalho envolvia esforço físico, mas não demasiado. Caminhava muito por dia, isso sim, muito! E, principalmente ao início, tinha vários ensaios de dança (mas com coreografias muito fáceis, que não podem ser consideradas como esforço, mas como um exercício muito leve). Claro que todos os dias entrava na piscina ou no mar por uma hora, e talvez isso se considere actividade física (fazia parte do trabalho btw). Transpirava muito, principalmente nos dias de muito calor em Julho/Agosto e estou certo de que queimava muitas calorias assim.

Mas repito que todos os santos dias me alimentava com montes de hidratos de carbono... às vezes repetia o prato. E mesmo quando dei por estar a perder peso, tentei recuperá-lo, comendo ainda mais, e era impossível. 

Ok! Há estudos científicos que afirmam que comer pasta não engorda, como este aqui e este aqui. E é certo que muitas vezes a verdadeira pasta italiana é comida de uma forma bastante saudável, com um simples molho de tomate e manjericão, por exemplo. Mas e se falarmos da pasta 4 formaggi... com aquele molho espesso de 4 queijos super hiper mega calórico? E esta é a minha favorita, por sinal!

A questão aqui é que estou mais do que certo de que realmente este hábito pode ajudar-te a emagrecer. E é a única explicação que tenho para o facto de ter ficado muito mais em forma. Relembro que apesar do tipo de trabalho, nunca fazia exercício físico (como correr, etc) e pelo ginásio passei muitas vezes... do lado de fora.

Então? É do ar italiano ou da água? Só sei que há qualquer mistério ali, talvez nas formas tradicionais que são mantidas até hoje na preparação de pratos básicos. 

E eu nem vou começar aqui a falar da quantidade de vinho prosecco, birra e aperol spritz que bebíamos nas nossas folgas, porque teria que escrever outro post sobre os possíveis malefícios do álcool na dieta mediterrânea.

Ou então era isso? OH MIO DIO! Será? Querem ver que o milagre não é da pasta, mas dos cocktails bebidos nos fins de tarde na esplanada da praia? :D 




  

MILANO: corrida infernal pela estação central

Filipe B., 18.09.17


Terça-feira, 12 de Setembro de 2017. Eu e outra amiga estávamos já em Milão. Uma outra amiga nossa chegaria de Portugal ao aeroporto de Bergamo, nessa manhã, para se juntar a nós e assim partirmos os 3 para Veneza

Tendo em conta os restritos horários, a ideia era esperarmos por ela na stazione centrale e almoçar por aí (tínhamos já comprado os bilhetes de comboio para Veneza e umas 2h para almoçarmos tranquilamente)

8 da manhã em Itália (7 em Portugal). O escuro do quarto do hotel ilumina-se com a luz do meu telemóvel que não pára de tocar com aquela música medieval que escolhi como toque de chamada. Nunca tinha percebido como era irritante... até este momento. Mas fosse esse o meu maior problema.

Inesperadamente ouvi a voz da minha amiga dizer: "Fi... a Ryanair acabou de informar que o meu voo vai atrasar 2h porque há uma greve qualquer em França, dos controladores aéreos..."

Ao início nem estava a acreditar, ainda meio a dormir. Depois o meu cérebro fez as contas. Se o voo atrasava 2h... ela não chegaria a tempo de apanharmos o nosso comboio.

Pânico! Combinamos manter-nos em contacto e a primeira coisa que faço nessa manhã é ir ao centro de apoio da Trenitalia na estação de Milão (por muita sorte, o meu hotel ficava mesmo ao lado!). Habituado a viajar com os comboios italianos, sabia que havia possibilidade de trocar o horário dos bilhetes, pagando a diferença. Mas também sabia que tinha comprado os bilhetes low cost (a Trenitalia tem vários tipos de bilhetes, que vão do economy, premium, prima classe, etc, etc). E a resposta que tive por parte do funcionário no balcão de atendimento foi exactamente a que já esperava: por ter comprado os bilhetes numa promoção, estes não se podiam mudar. 

Em Portugal o atraso da Ryanair mantinha-se igual. Em Itália o preço para comprar novos bilhetes de comboio para Veneza, à última hora, era altíssimo (no mínimo 50€ por pessoa!). Mas lá me lembrei de um serviço económico, que é o Flixbus: autocarros low cost que fazem várias ligações pela Europa (chegou há pouco tempo a Portugal, por acaso). E lá havia uma ligação Milão - Veneza por 9,90€. Demorava mais tempo a chegar e iríamos perder metade do dia para nada, mas pelo menos ela também chegaria a tempo de o apanharmos. Decidimos então comprar 3 bilhetes através da app, sem termos que nos descolar da estação (Viva o século XXI e a sua tecnologia!). Talvez até conseguíssemos ir no comboio, mas era melhor não arriscar mais, certo?

E eis que chega uma novidade: afinal o voo partiria imediatamente, reduzindo o atraso assim para pouco mais de 1h. ESPERANÇA!! Talvez chegasse a tempo do comboio então! 


regionais, intercidades, de alta velocidade, comboios para todos os gostos!


Aqui o que nos salvou foi que eu já conhecia Milão, a estação e os serviços italianos de trás para a frente (mais de 1 ano a viver lá teria servido para alguma coisa). 

Pus então em prática um plano estudado ao pormenor. A amiga que estava comigo ficaria com as malas à porta do Gate C, onde devíamos apanhar o comboio. E aqui complicava-se um pouco. Naquela estação não é só passar para o comboio e finito. Temos que passar o Gate, o portão de segurança, procurar a linha (de dezenas de linhas disponíveis!) e ainda mostrar o bilhete novamente antes de subir para o treno. Mas ok, relaxei-me, não seria nada. A outra amiga, que aterraria no aeroporto de Bergamo, iria chegar à estação num autocarro shuttle e pararia mesmo ali à frente. Então decidi ir comprar logo o nosso almoço para o fazermos depois no comboio. Focaccia, pizza, panino. Podíamos até perder o comboio mas fome não passaríamos. E depois disso posicionei-me estrategicamente à porta, onde paravam os autocarros. Daí teríamos só que atravessar toda a estação, subir 3 pisos numas escadas de mais de 50 degraus, passar a "sala de espera" e correr para apanhar o treno às 12:45h. SÓ ISTO!! 

A linda (e enorme) estação de Milano Centrale.

Ligo-lhe. Já aterrou em Itália. Ligo outra vez. Já está no autocarro. Este demora cerca de 1h a chegar ao centro da cidade. Ligo outra vez. Já está numa avenida de Milão. 12:25h. Mantemo-nos ao telefone. Conhecendo bem o tradicional ritardo dos comboios em Itália, começo a rezar para que o nosso se atrase pelo menos uns 15 minutos. O placar amarelo vai actualizando de minuto em minuto, há vários em atraso, mas o nosso? Nem um segundo de ritardo. 12:32h. "Como é a tua mala? Assim quando o autocarro parar, tiro-a logo do 'porão' e perdemos menos tempo". Parecia uma operação da Máfia Italiana. 12:37h. Faltam menos de 10 minutos para o comboio partir. Vejo um autocarro a fazer a curva para estacionar: "Diz-me que és tu, diz-me que me estás a ver, tenho o braço no ar!!". 

"ESTOU A VER-TE!" - diz-me ela. Ponho-me a correr em direcção ao autocarro enquanto grito "Sai depressa! VAMOS CONSEGUIR! VAMOS CONSEGUIR!". 

Parecia um maluquinho. O condutor desce, abre o compartimento das bagagens. Vejo logo a mala dela. Tiro-a, vejo-a a descer do autocarro. "Segue-me. Temos que correr. Não pares nem um segundo". Era a primeira vez dela em Milão, imaginem esta bonita recepção de boas-vindas.

Subo as escadas com a mala na mão. Primeiro piso, segundo piso, terceiro piso. A outra nossa amiga grita-nos toda contente quando nos vê ao fundo. A estação a abarrotar de gente, mas conseguimos esquivarmo-nos de todos à nossa rápida passagem. Passamos o Gate C. 12:43h. O comboio é enorme, enormeeeeeeee. Tem mais de 15 carruagens e a nossa é a número 11, mesmo ao fundo. Mais um corrida. Mas já mostramos o bilhete. E nem sei como mas já estamos dentro do comboio. Mal respiro, estou a suar, o coração acelerado, mas conseguimos. CONSEGUIMOS! Contrariando todos os atrasos possíveis e imaginários,  conseguimos! 

"Fogo... dá-me pelo menos um abraço agora", diz-me ela.

Não nos víamos há mais de 4 meses. E foi este o nosso reencontro. Inesquecível, não? :D

E sim, chegamos a Veneza (onde eu ia pela terceira vez). E o que me fez mais feliz foi chegar à Piazza San Marco e ouvi-las dizer:

"Isto é lindo. Estou sem palavras. Valeu todo o stress". 


Diria até que se pode repetir um dia destes, não?


Depois da meia maratona milanese, toda a tranquilidade de um spritz aperol na ilha de Torcello (em Veneza).